Sina Nacional
I
Eu vim mostrar na praia as banhas flácidas
Num ato heróico, louco, impressionante,
Que o mar que vai banhar meu bojo túrgido
Parece feito de algo infectante.
O temor da sujidade
Consegui matar com argumento forte:
Orçamento pela metade --
Só restou-me vir pra cá tentar a sorte!
Praia surrada,
Maltratada,
Salve? Salvem-me
Dos rios de esgoto intenso verde-lívido!
Que nojo -- quem já viu nunca se esquece
Do refletido céu no lixo líquido
Que mesmo mar adentro inda aparece.
Ninguém se importa mais com a natureza?
Será tão triste a sina deste povo --
Bater-se por espaço na areia?
Praia lotada!
Se eu dormir quando acordar não tenho nada.
Um mês inteiro disto é doentio,
Onde está
meu fuzil?
II
Deitado finalmente em ponto esplêndido,
O mar que vejo é de corpos desnudos.
Vergonha de minha forma paquidérmica,
Se ao menos fosse eu jovem e marrudo
As garotas mais garridas
Encheriam minhas tardes de amores!
Que têm elas contra barrigas?
Não as têm também os meus competidores?
E olha aquela,
Que sarada,
Salve! Salvem-me
De outro camelô com espetinhos de
Camarão frito no ano passado!
E o outro tem produtos que a alfândega
Jamais soube que foram importados.
E se ergues às crianças a voz forte,
Verás que o pai folgado vem p'ra luta:
Pedir educação resulta em morte!
Mas que roubada!
Chovendo, lá na quitinete se faz nada!
E na semana o tédio é doentio,
Vou voltar
Mais senil.
5 Comments:
Descrições assim fazem-me sentir menos culpa por ser workaholic. Absolvido não.
A propósito... reparou que você está contribuindo para o "Dead Man"? Abraço!
Inventivo....muito inventivo mesmo. Chega a dar inveja.
...classe, depois dessa fiquei mais senil !!
the aliens are here and they love christ!!! plus: 'Conversation with Jesus!! search 'aliens', 'jesus'
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