Amenidades
Acordei cedo hoje, como em todos os dias em que tenho algo de importante a fazer. Acordei decidido, pronto a livrar-me das velhas lembranças, pronto a por um fim a pedaços de um passado mal resolvido que eu, por honra, orgulho, medo, pena ou burrice, não permitia morrer.
“Amenidades”, ela diria. Por amenidades tratava aquilo que a dilacerava, um esforço inútil na tentativa de diluir o sofrimento que a amargurava, diminuir a culpa e a solidão que causava a si mesma. “Amenidades”. Assim chamava os sentimentos que traziam à tona aquelas velhas fotografias de nós dois.
Foi hoje. Sereno, dirigi-me ao cais onde, finalmente, afoguei mágoas, angústias e ameninades.
3 Comments:
Coisas simples guardam uma genialidade imensa. Conciso e profundo; esse é o nosso Renan.
Sem palavras. Repetindo o comentário do Anderson: conciso e profundo. Mais que isso, genial.
Renan: que texto tocante...maravilhoso!
Despedir-se de sofrimentos passados é um trabalho a´rdua de dememorização emocional!
Abraço carinhoso.
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